Carta / Força 10 - Caiena , a gira da gargalhada
10 - Caiena, a gira da gargalhada
Letra e Música – Maria Lalla Cy Achè
Coreografia – Raquel Kurtz & Cyrandeiras Jardim Alforria
Introdução: G7M G#o Am D7/9 G7M D7/9
G7M D7/9 G7M
Eu vim aqui pra te convidar
E7/9- Am D7/9 G7M D7/9
Para dançar uma roda de saia
G7M D7/9 G7M
Eu vim aqui pra te convidar
E7/9- Am D7/9 G7M D7/9
A não levar a vida tão a sério
Am7 D7/9 Bm7 E7/9
Meu nome é Vivá, quero gargalhar
Am7 D7/9 Dm7/9 G7/13
Rá rá rá rá, te provocar
C#m7/5- Cm6 Bm7 Bbo
Pois seja sucesso ou fracasso
Am7 D6 G7M Bbo
A roda gira e isso passará
Am7 D7/9 Bm7 E7/9 Am7 D7/9 Dm7/9 G7/13
Então é rarará, rererê, ihhhh, quaraquaquá
C#m7/5- Cm6 Bm7 Bbo Am7 D6 G7M G#o
Rarará, rererê, ihhhh, quaraquaquá
Am7 D7/9 Bm7
É gira de Mestra Luziara,
E7/9 Am7 D7/9- G7M Bbo
Mestra Ritinha, na barra da saia
Am7 D7/9- Bm7
É Gira de Maria Padilha
E7/9- Am7 D7/9 G7M D7/9
Vem Pomba Gira nos ensinar
G7M D7/9 G7M
Eu vim aqui pra te convidar
E7/9- Am D7/9 G7M D7/9
Para dançar uma roda de saia
G7M D7/9 G7M
Eu vim aqui pra te convidar
Bbo Am D7/9 G7M G7 C7M- Cm6 Bm7 Bbo Am7 D6/9 G7M D7/9/13 G7M
A não levar a vida tão a sério
Ela é alegria e gargalhada
Caiena, Mestra Paulina, Ritinha, Maria do Bagaço, Maria do Acais, Luziara, Madalena, são tantas que faltariam linhas para caber o nome de todas. Mas o certo, é que são amadas pelo seu povo, que dão a elas os nobres títulos de madrinhas, mães, mestras ou, simplesmente amigas. Símbolos de braveza, luxo e delicadeza, em meio ao círculo “rude” do imaginário da Jurema Sagrada.
Caiena e suas companheiras de fato são atemporais. Onde elas passam transmitem sabedoria, consciência de si, no aspecto feminino do respeito pelo corpo e pela autovalorização pessoal. Além, claro, de sua forma peculiar de lidar com certas situações e de não se preocupar com as críticas em torno de sua presença e dos seus trabalhos. É um desafio ser uma Mestra, num espaço onde o homem tem papel preponderante. Mas, atualmente, muitos terreiros já tem a predominância da mulher (Mestra/madrinha/mãe de santo), no comando desse legado. É muito bom saber que essas casas desapegaram de “antigas tradições” e hoje, elevam o culto dando maior visibilidade a elas, as Mestras da Jurema. Não deixando obviamente, de saudar com toda pompa e respeito; os senhores mestres.
Mestras traduzem com fineza e respeito o sentimento humano, por caberem a elas a direção de trabalhos, simpatias e feitiços ligados ao amor. Ambientes onde há presença de Mestras sempre é carregado de graça e descontração. São capazes de rir de si mesmas e de pessoas que se acham muito importantes. Não dramatizam as adversidades ou as dramatizam até o ridículo. Mostram todo seu aprendizado, sua ciência e o conhecimento adquirido no cotidiano e na trajetória de Mestra Juremeira.
Suas histórias nos contam de mulheres muito bonitas que foram praticamente vendidas por suas famílias a homens de poder: coronéis nordestinos que em troca de casa e comida lhes cobravam serviços dom~esticos e favores sexuais. Muitas delas preferiram fugir e ganhar a vida se prostituindo no cais ou nos cabarés. Então é lógico que mesmo com suas passagens na “Escola da Jurema”, trazem ainda boa parcela dos costumes e hábitos dos anos de rua, cabarés e vida pregressa. O que muitos julgam atos insanos, para elas é uma prática muitas vezes “normal”. Dizer palavrão, rir alto, se comunicar com gestos bem parecidos com aqueles usados por nós, “vivos”. Na maioria das casas de culto a Jurema, onde a Mestra tem um papel maior, ela dá o seu recado para seus visitantes, traduzido não só numa vestimenta, mas em gestos e trato. Mostrar todo seu aprendizado, sua ciência e o conhecimento adquirido no cotidiano e na trajetória de Mestra Juremeira, são as nossas pombagiras que nos ensinam as magias de amor e o bom conselho para as dores da alma.
De fato, a presença de uma Mestra é inquietante. Meu marido/esposa, me trai? Perguntas feitas com tranquilidade aos senhores Mestres, mas quando respondidas por elas, vêm carregadas de malícias, verdades dolorosas e até revelações sem dó aos seus ouvintes. Elas afirmam: “Prefira uma verdade que lhe faça chorar, que uma mentira que lhe faça sorrir”. Num contexto de lutas e batalhas, com a ajuda delas somos agraciados com muitas vitórias. Então, como não as amar? Muitos são os que entregam suas vidas as senhoras Mestras e conseguem na caminhada espiritual, o conforto de ser bem orientado devidamente. Para receber o conceito de “Bom Mestre ou Boa Mestra”. É um processo árduo, mas, que com muita dedicação, se chega lá. Tudo depende do bom resultado das orientações dadas e da vitória de quem pediu auxílio.
No tarô elas correspondem ao Arcano da Roda da Fortuna e de fato tem sabedoria de sobra para nos ensinar a nos manter centradas em meio ao caos que as vezes assola nossas vidas. Podemos nos sentir muito dispersas quando às vezes precisamos de atenção múltipla: crianças, contas, o trabalho e todas as nossas outras responsabilidades. Você pode estar passando por uma grande mágoa ou tentando resolver uma coisa, então um telefone começa a tocar ou uma mensagem de texto entra. Todo mundo no trabalho quer tudo pra ontem, e multitarefas virou palavra da moda. É fácil ficar desgastado e sem energia - como se você fosse um pato na galeria de tiro apenas indo para frente e para trás até que algo acerte você.
Pergunta: Você é capaz de superar o sentimento de ser perfeitamente dispensável? Você é capaz de rir de si mesm@ e do seu sentimento de auto importância?
Mandinga: Centramento é o que precisamos quando estamos no meio de uma situação caótica, cheia de interferências, altos e baixos. Para reforçar sua conexão consigo mesm@ e encontrar equilíbrio é preciso colocar as coisas em perspectiva. Pare por alguns minutos e traga sua atenção para a respiração. Parece óbvio, mas no momento em que você está sob intensa pressão é comum não perceber que sua respiração acelera na mesma velocidade em que você tem a sensação de que nada mais vai dar certo. Controle-a, expire mais longamente. Distancie-se - Respire fundo – de novo, essa é a chave—dê dois passos para trás e avalie, com um olhar “de fora” o que se passa à sua frente. Permita que os céus se movam.