Carta / Força 14 - Diarum, a onça preta
14 - Diarum - A Onça Preta
Autoria - Maria Lalla Cy Achè
Coreografia – Maria Lalla Cy
Eb Dm Bb Bb G F
Diarum é um olho brilhante na mata escura Que tudo pressente
Eb Dm Bb Bb G F
Onça Preta de pata macia e garra afiada Para caçar
Bb F
Ela é a Feroz Compaixão
Eb F
Ela é nossa alma Selvagem
Diarum, a onça preta
Aprendi com Kaká Werá Jacupé que a arte da espreita está ligada ao coração, assim como a mestria da consciência de Ser está ligada a mente e a mestria do propósito ou intento, como ele chama, está ligada ao espírito.
Nesta batalha silenciosa para alcançar nossos objetivos, temos que ter um domínio sistemático do nosso comportamento. A espreita é uma forma de relacionar-se com as pessoas visando afinar e desenvolver o observador de Si.
Segundo Castaneda, as mulheres são naturalmente mais afeitas à espreita que os homens, Ele nos ensina que temos que aprender 4 passos: implacabilidade, esperteza, paciência e doçura .
“A arte da espreita é um conjunto de procedimentos e atitudes que possibilita a um guerreiro conseguir o melhor de qualquer situação concebível. “
Para isso seguem algumas regras básicas:
· escolher o campo de batalha
· descartar tudo o que não é necessário pois seu objetivo é ser simples e direto ao ponto
· cada batalha é a batalha da sua vida, não se pode descuidar
· relaxar e confiar, sem nada temer para que os guias possam nos ajudar
· diante de dificuldades intransponíveis, recuar por um momento. Dar um tempo e se ocupar com outra coisa
· comprimir o tempo. Um instante é uma eternidade e essa eternidade pode ser decisiva
· olhar para frente por detrás da cena.
Estas regras gerais sobre a arte da espreita me remetem a atitude da nossa Diarum, a onça preta. Ela prepara cuidadosamente o bote antes de atacar e é praticamente impossível escapar dela. Ela observa primeiro todos os detalhes, comprime o tempo e parte para cima sem nenhuma dúvida ou receio, calculadamente.
Na tradicional sadhana tibetana, a Mandala de Tara, o atributo equivalente é a Feroz Compaixão. A energia da Mãe que impede qualquer perigo na proteção de seus filhos. Ela grita, bate, faz o que for preciso para trazer consciência de que há um perigo iminente que precisa ser eliminado. Ela não age só por instinto, mas por compaixão, faz o que precisa ser feito.
Diarum, a onça preta, é este olho brilhante que tudo pressente como no ensinamento da espreita de Carlos Castaneda e ao mesmo tempo tem a capacidade de dar o bote e fazer o que precisa ser feito para trazer consciência a uma situação perigosa, eliminando os obstáculos do caminho da beleza e da harmonia. Com ela aprendemos a dar limites e inspirar respeito e admiração.
Pergunta: Com o quê você tem sido excessivamente condescendente? Quais os limites ou ações enérgicas são necessários para trazer equilíbrio à uma situação?
Mandinga: Espreitar significa observar secretamente. Eleja quem ou o quê você deseja espreitar e tente fazer isso ficando invisível . Respire pela boca e pelos poros com se você fosse uma peneira, esconda-se o melhor que puder e observe de um bom lugar onde você veja tudo e ao tempo esteja não seja percebido. É como brincar de detetive. Revele-se quando e se achar apropriado.